Os dispositivos interoclusais (habitualmente conhecidas como goteiras oclusais) são utilizados e descritos desde há décadas no controlo das consequências e sequelas clínicas decorrentes do bruxismo do sono (BS) (desgaste dentário, fraturas em dentes e restaurações, complicações no tratamento reabilitador, dor dentária, dor na articulações temporo-mandibulares e nos músculos da mastigação. Demonstram uma elevada utilidade clínica na maioria dos casos, principalmente quando associadas a terapias de suporte, como educação e treino domiciliário, fisioterapia, psicoterapia, entre outras. As goteiras oclusais devem ser rígidas e recobrirem toda a arcada dentária, contribuindo para a manutenção/recuperação da estabilidade ortopédica do sistema estomatognático.

As DTM são um grupo heterogéneo de patologias com manifestação na área orofacial, cabeça e pescoço, ou mesmo com envolvimento dos membros ou outras estruturas anatómicas à distância (sintomas referidos). Incluem-se nas desordens músculo-esqueléticas, devendo ser interpretadas num contexto integrado e individualizado. Habitualmente caracterizam-se por um ou mais dos seguintes sinais e sintomas: dor orofacial em repouso e/ou em movimento reportada aos músculos e/ou às ATM, fadiga muscular, som articular, limitações na amplitude de movimento mandibular, desvios nos trajetos funcionais de abertura/fecho da boca. Muito frequentemente estão também associadas a outros sintomas que afetam a região orofacial e cervical como cefaleias, sintomas relacionados com o ouvido e disfunções cervicais. A abordagem terapêutica tem que ser multifatorial e interdisciplinar, sendo a prioridade as opções menos invasivas e reversíveis (terapia comportamental, aconselhamento, fisioterapia, goteiras oclusais, medicação para atuação nas situações de dor aguda, entre outras).